Psicoterapia

A psicoterapia é o processo de exploração do funcionamento psicológico do cliente, com a ajuda do terapeuta, levando a um maior autoconhecimento.

Somatic Experiencing

SE (Experiência Somática) foi desenvolvida por Peter A. Levine Ph.D. Trata-se de uma abordagem centrada na experiência corporal para a cura, resolução e prevenção de trauma.

Este método revolucionário e baseado em neurociência, baseia-se na habilidade inata do ser humano, se for dado o apoio adequado, para superar e sanar os do stress pós-traumático, o stress crónico e outros sintomas relacionados ao trauma e doenças.

A SE procura libertar o sujeito do estado de dor, do aprisionamento corporal causado pela situação traumática, para que este possa interagir com o ambiente de forma saudável. Baseia-se na educação somática, uma terapia de orientação corporal, estruturada em estudos neurofisiológicos da interconexão mente-corpo e nas observações etológicas em estados de stress.

O trauma transformado restaura a resiliência e o equilíbrio do Sistema Nervoso Autónomo, reorganiza a fisiologia, restaura a segurança o controlo internos e a capacidade e descansar e relaxar.

Brainspotting
Brainspotting (BSP) é um método de tratamento focalizado, que funciona identificando, processando e libertando fontes neuropsicológicas de dor física e emocional (traumas, dissociações e outros sintomas). O método pode ser, simultaneamente, uma forma de diagnóstico e de intervenção e o seu efeito intensificado com o uso de sons bilaterais que oferecem contenção e controlo ao paciente. Brainspotting, foi desenvolvido por David Grand, Ph.D, e funciona como uma ferramenta neurobiológica, chegando a experiências e sintomas que normalmente estão fora do alcance da mente consciente.

Trabalha-se com o cérebro profundo e com o corpo através do acesso direto ao Sistema Nervoso Autónomo e Límbico do Sistema Nervoso Central. Como tal Brainspotting é um método de tratamento que tem resultados psicológicos, emocionais e físicos.

O modelo teórico de Brainspotting reconhece a capacidade inata do corpo de se automonitorizar, isto permite o processamento e a libertação de áreas (sistemas) que se encontram em desequilíbrio, incluindo a possibilidade de reduzir e/ou eliminar a dor física, e a tensão associada a perturbações psíquicas e físicas.

EMDR
EMDR – Eye Movement Desensitization and Reprocessing quer dizer Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento Ocular. Trata-se de um método de dessensibilização e reprocessamento de experiências emocionalmente traumáticas por meio de estimulação bilateral do cérebro, a qual promove a comunicação entre os dois hemisférios cerebrais.

Esta nova abordagem para o tratamento de traumas emocionais foi desenvolvida pela Drª Francine Shapiro, psicóloga americana, na década de 80, e desde então tem sido um dos métodos psicoterapêuticos mais amplamente pesquisados nos EUA, com recomendação especial da Associação Americana de Psiquiatria. Respondem muito bem ao método pacientes com transtornos de ansiedade, em especial o stress-pós-traumático (TEPT). Fruto de larga pesquisa as possibilidades de intervenção foram ampliadas passando a abranger as fobias, os transtornos do pânico, depressão e enfermidades psicossomáticas.

Denominada genericamente como terapia de Reprocessamento, o EMDR® foi idealizado como terapia breve e focal. O referencial teórico adotado pelo EMDR® parte do pressuposto de que quase todos os transtornos mentais sejam resultantes de eventos traumáticos ocorridos no passado. Existe vários sinais que indicam um trauma emocional. O passar por experiências trágicas, como a perda de entes queridos, acidentes e outros não significa necessariamente que a pessoa desenvolve um trauma. Isso depende de fatores de vulnerabilidade presentes no momento. Uma boa indicação da existência de trauma é a impressão que a experiência passada insiste em permanecer no presente.

O registo da situação marcante fica aprisionado num “nó neurológico” e é reestimulado por acontecimentos similares provocando vários sintomas tais como: Evitação persistente, lugares, pessoas e situações que façam recordar a experiência; distanciamento emocional e social de pessoas subjetivamente significativas; sensação de um futuro abreviado; dificuldade em dormir; irritabilidade e explosões de fúria; dificuldade de concentração; hipervigilância; sentimentos de ameaça constante; ansiedade recorrente.

Estudos realizados com ajuda de tomografias de alta precisão sugerem que a experiência traumática é tão forte que altera o funcionamento cerebral. A partir das imagens obtidas observam-se diferenças significativas em certas áreas cerebrais relacionadas à emoção. Destacam-se em especial hiperatividade neuronal no cortéx visual, no sistema límbico, no giro cingulado e/ou nos glândios basais. Simultaneamente, observa-se inibição acentuada de atividade de áreas mais cognitivas (cortéx pré-frontal e área de Broca). Como resultado a pessoa sente o trauma, mas não consegue compreendê-lo e reprocessá-lo adequadamente. O passado persiste no presente. O paciente relata o trauma como se houvesse ocorrido há pouco tempo. Esta realidade neurológica permite depreender que solicitar ao paciente que fale da situação, o degasta por meses ou anos inutilmente, pois a cognição encontra-se dissociada de regiões cerebrais responsáveis pela memória emocional.

Há várias hipóteses que explicam como o EMDR® funciona. A pesquisa dos Movimentos Oculares Rápidos (REM) que ocorrem durante o sono é relevante para esclarecer o êxito desta técnica. Estudos demonstram que todos processamos as experiências do dia durante as etapas do sono REM. Em situações normais o cérebro revê as experiências do dia, processa-as e arquiva as lembranças num enorme banco de dados. No entanto quando temos alguma experiência traumática, parece que o cérebro não consegue processar o evento e o incidente permanece aprisionado numa espécie de “nó neurológico”. É possível que os pesadelos sejam tentativas fracassadas do cérebro no sentido de processar lembranças bloqueadas.

Quando o terapeuta pede ao cliente para pensar em alguma situação disfuncional e inicia a estimulação bilateral, que tanto pode ser ocular como táctil ou auditiva, o cérebro desencadeia o mecanismo de processamento de informação, ativa a rede neuronal onde ficou o registo traumático bloqueado, e através da interação com outras redes neurológicas, este é processado de forma adaptativa. Fator importante no processo é também a libertação de carga emocional associada à situação.

O resultado é evidente em poucas sessões e permanece de forma duradoura. Este método é uma ferramenta psicoterapêutica muito eficaz e rápida, pois é o próprio paciente, que revivendo a sua experiência, faz as associações necessárias. O método é contraindicado em quadros psicóticos agudos, epilepsia sem controlo médico e gravidez. Em caso de dúvida o estado de saúde física do paciente deve ser previamente avaliado.

O terapeuta que usa o método EMDR ® deve ser certificado pelo EMDR INSTITUTE, EUA, e estar preparado para lidar com situações de catarse, já que muitas das lembranças estão ligadas a grande sofrimento emocional.

Sistemas Familiares Internos
A Terapia dos Sistemas Familiares Internos (Internal Family Systems, IFS) recorre à Teoria dos Sistemas Familiares—à ideia de que os indivíduos não podem ser compreendidos de forma cabal isolados da unidade familiar – para desenvolver técnicas e estratégias capazes de abordar de forma eficaz temas da comunidade interna ou familiar da pessoa. Trata-se de uma abordagem psicoterapêutica baseada na evidência, que assume que todos dispomos de uma variedade de subpersonalidades ou “partes”.

Cada parte possui a sua própria perspetiva, sentimentos, memórias, metas e motivações. Todos temos partes, como por exemplo, críticos internos, partes cuidadoras, partes zangadas, partes que querem agradar, partes ansiosas, etc.
Neste modelo IFS todas as partes são bem-vindas. Procuramos acolhê-las e relacionarmo-nos com elas com curiosidade, compaixão, compreensão e apreciação.

A IFS assenta na ideia de que todos temos um Self, que constitui a nossa essência e que não é danificado pelas experiências (mesmo as mais extremas). O Self tem a capacidade para agir não apenas como um observador consciente do nosso mundo interno, mas tem também a capacidade para atuar como um líder eficaz e compassivo, capaz de harmonizar o nosso sistema interno.

O pressuposto da terapia é identificar as partes protetoras do sistema e as partes exiladas para que as mesmas sejam observadas, escutadas, entendidas e absorvidas pela energia compassiva do Self, ajudando a restaurar as relações internas.

As partes protetoras atuam nos sentido de manter a pessoa segura através do controlo da pessoa, eventos e partes. Elas carrega um enorme peso de responsabilidade ao tentarem manter a sobrevivência perante o medo. Elas protegem contra qualquer coisa que conduza à vulnerabilidade, dor ou instabilidade.

As partes exiladas foram rejeitadas ou traumatizadas e seguram essas feridas profundas e memórias repletas de terror, dor e vergonha. Geralmente estas partes encontram a sua origem na infância. Crianças e jovens tendem a congelar no tempo perante um acontecimento difícil e urgem proteção, tornando-se desesperadas em partilhar a sua história. Fazem com que a pessoa se sinta exposta e vulnerável, algo que os protetores temem que venha a desestabilizar o sistema.

Objetivos da terapia IFS:

– Libertar as partes dos seus papéis extremos;
– Restaurar a confiança e a liderança do Self;
– Alcançar equilíbrio, harmonia e integridade;
– Trazer mais energia do Self aos sistemas externos.

Psicoterapia de Integração para o uso de Psicadélicos e Redução de Dano
A utilização de substâncias psicadélicas, ou enteogéneos, remonta à pré-história. Os estados alterados de consciência (EAC) foram procurados ao longo dos séculos como uma forma de aceder a um entendimento profundo sobre os processos inconscientes do ser humano, muitas vezes incluídos em rituais de cura ou de passagem.
Fortemente enraizada em algumas culturas e pouco difundida, ou mesmo proibida noutras, é um método eficaz de criar um EAC que leva o indivíduo a um processo profundo de autodescoberta.
Uma vez que estes estados (por indução medicinal ou não medicinal) não são isentos de riscos e efeitos secundários, e claramente não devem ter um uso generalizado, urge haver uma utilização criteriosa e uma terapia de Integração bem estruturada da experiência.
As ditas “viagens” psicadélicas, são inúmeras vezes difíceis, avassaladoras e repletas de imagens simbólicas, tornando fundamental a sua integração para um processo correto de acomodação nos esquemas cognitivos.
Sem integração, estes EAC podem agravar quadros depressivos, induzir estados psicóticos ou aumentar a dissociação.
Os estudos na área são vastos e evidenciam benefícios no tratamento do trauma, depressão major e resistente, Perturbação obsessivo-compulsiva, perturbações de ansiedade e perturbações de consumo de substâncias, apesar de ainda estarmos numa fase precoce desta investigação e haver muitos resultados preliminares.

As consultas de Integração e Redução do Risco para o uso de Psicadélicos têm como objetivo ajudar o paciente a conferir significado à experiência, ativar recursos e provocar mudanças, de uma forma aberta, consciente e livre de julgamentos.

Breathwork
UMA EXPERIÊNCIA PSICADÉLICA SEM SUBSTÂNCIAS
O QUE É?
Trata-se de um método baseado na prática de Respiração Holotrópica desenvolvida em 1970 pelo psiquiatra Stanislav Grof.
O trabalho de Breathwork envolve a respiração rápida e profunda, juntamente com ritmos musicais e outras práticas de suporte, com o objetivo de induzir um estado alterado de consciência.
Este estado permite aceder e trabalhar com o trauma e emoções reprimidas, além de acelerar o processo psicoterapêutico.
As sessões podem ser realizadas individualmente ou em grupo.

O QUE ACONTECE NUMA SESSÃO?
Cada sessão é única, conferindo experiências singulares.
O cliente começa numa posição deitada, num local confortável, e é encorajado a respirar rapidamente e profundamente por um período prolongado de tempo. A respiração é acompanhada por música ou sons específicos e outras técnicas de suporte como massagem, pressão suave em pontos específicos do corpo e expressão criativa, como desenho ou escrita.
À medida que a pessoa continua a respirar profundamente, podem ocorrer alterações no estado de consciência, que podem incluir experiências visuais, sensações corporais intensas, sentimentos profundos e emoções suprimidas. Podem ocorrer insights pessoais profundos e sobre a vida. A sessão é sempre supervisionada.
Após a sessão, a pessoa é encorajada a descansar e processar as experiências que teve.

A QUEM ESTÁ DIRIGIDO?
É uma técnica que pode ser usada por pessoas que procuram autoexploração e crescimento pessoal.
Também é frequentemente usada por indivíduos que vivenciaram traumas ou dificuldades emocionais e que desejam explorar e processar emoções reprimidas. Também pode ser útil para trabalhar perturbações de ansiedade, depressão, stress e outros problemas.

CONTRA-INDICAÇÕES
É importante notar que esta técnica não é adequada para todas as pessoas. Pessoas com histórico de doença cardíaca, hipertensão, epilepsia, esquizofrenia ou outras condições médicas ou psiquiátricas graves podem não ser candidatas adequadas para esta técnica. É sempre realizada uma avaliação médica rigorosa antes das sessões.

O QUE ACONTECE APÓS UMA SESSÃO?
Imediatamente após cessar o trabalho com a respiração, começa o trabalho de integração da experiência.
A integração da experiência em estado alterado de consciência inclui expressão pela arte, meditação guiada e outros exercícios exploratórios com o intuito de assimilar e acomodar o que foi experienciado.

QUANTAS SESSÕES SÃO NECESSÁRIAS?
É difícil quantificar o número de sessões, no entanto é previsível a realização de pelo menos 4 sessões, espaçadas temporalmente